EVENTOS - ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO


Inteligência Artificial em perspectiva: Diversidades, justiça epistêmica e decolonialidade

A governança da inteligência artificial (IA) tornou-se uma das questões centrais das sociedades contemporâneas, suscitando debates sobre seus impactos éticos, políticos e epistemológicos na produção e circulação do conhecimento, na formulação de políticas públicas e na reconfiguração das desigualdades sociais. O caráter aparentemente neutro dos sistemas algorítmicos tem sido amplamente questionado, sobretudo diante de evidências de que a IA frequentemente perpetua padrões históricos de exclusão, reforçando hierarquias de poder que atravessam dimensões como raça, gênero, classe e territorialidade.

O evento inscreve-se em uma abordagem crítica e interdisciplinar para investigar as interseções entre tecnologia, epistemologias do Sul Global e as dinâmicas sociopolíticas que estruturam os regimes contemporâneos de informação e poder. Com uma agenda que articula reflexões e questionamentos, propõe uma análise aprofundada sobre a produção, organização e circulação do conhecimento, problematizando a concepção da inteligência artificial sob múltiplos referenciais teóricos e metodológicos, ampliando o debate sobre seus impactos e potencialidades na construção de um futuro digital mais inclusivo e plural.

Com a participação de pesquisadores, profissionais da tecnologia, formuladores de políticas públicas, representantes da sociedade civil, ativistas e membros de comunidades historicamente marginalizadas, o evento articula contribuições oriundas das ciências da informação, ciências sociais, ciência de dados, estudos culturais, estudos decoloniais, filosofia da tecnologia, direitos digitais, políticas públicas, comunicação, antropologia digital, sociologia da tecnologia e humanidades digitais. Serão abordados temas como a colonialidade dos algoritmos, os impactos da IA sobre o direito à informação e à privacidade, a produção e contestação de estereótipos nos sistemas automatizados, a regulação e transparência dos processos decisórios algorítmicos e as formas de resistência e reapropriação tecnológica.

A partir de mesas de debate, painéis temáticos, exposições interativas, grupos de trabalho e workshops, o evento promoverá um ambiente de reflexão e construção coletiva de alternativas para uma inteligência artificial socialmente responsável, epistemologicamente plural e sensível às desigualdades que atravessam sua concepção, desenvolvimento e implementação no mundo contemporâneo.

Eixos Temáticos

1. Governança Algorítmica, Informação e Poder: Regulações, Políticas Públicas e Accountability

A crescente inserção da IA nos processos decisórios estratégicos demanda análises críticas sobre a transparência, regulação e implicações políticas dos algoritmos. Este eixo examina a governança algorítmica como um fenômeno complexo, interligando questões de regulação digital, accountability, segurança de dados, direitos humanos e formulação de políticas públicas. Discutem-se os desafios para a implementação de mecanismos de fiscalização e auditoria algorítmica, bem como a participação da sociedade civil na construção de modelos regulatórios mais inclusivos e democráticos.

2. Colonialidade Digital, Justiça Epistêmica e Produção de Conhecimento

Os sistemas algorítmicos e infraestruturas digitais operam enquanto dispositivos de poder que frequentemente reproduzem lógicas eurocêntricas e coloniais, invisibilizando saberes, línguas e formas alternativas de organização do conhecimento. Este eixo problematiza a colonialidade da informação e propõe um olhar crítico sobre as dinâmicas de exclusão epistêmica promovidas pela IA. Serão discutidas as possibilidades de construção de tecnologias inspiradas em epistemologias do Sul, bem como iniciativas que visam a ressignificação das infraestruturas digitais por meio da valorização de saberes tradicionais, indígenas, afrodescendentes e comunitários.

3. Inteligência Artificial, Desigualdades e Interseccionalidade: Raça, Gênero e Classe

A interação entre IA e desigualdades estruturais exige um olhar interseccional e interdisciplinar. Dados empíricos revelam que sistemas algorítmicos são frequentemente treinados sobre bases de dados enviesadas, ampliando discriminações raciais, de gênero e socioeconômicas em áreas como educação, saúde, segurança pública, mercado de trabalho, acesso à informação, entre outras. Este eixo reúne perspectivas das ciências sociais, ciências da computação, estudos culturais e direitos digitais para examinar criticamente esses desafios e propor estratégias para a construção de sistemas mais inclusivos e eticamente responsáveis.

4. Informação, Cultura Digital e Disputas de Narrativas Tecnológicas

A cultura informacional contemporânea é atravessada por disputas de sentido em torno da inovação tecnológica e do papel da IA na sociedade. Este eixo investiga as relações entre inteligência artificial, memória, patrimônio informacional e a construção de narrativas sobre o futuro digital. Serão abordadas iniciativas decoloniais e comunitárias que desafiam a hegemonia das grandes plataformas digitais, explorando modelos alternativos de organização e compartilhamento da informação baseados em redes descentralizadas, inteligência coletiva e práticas de resistência digital.

5. Ética, Ciência da Informação e Humanidades Digitais: Desafios na construção de uma IA socialmente responsável

Inscrevem-se questões da problematização das infraestruturas digitais e seus impactos na organização, preservação e disseminação do conhecimento. Este eixo explora as implicações éticas da IA na curadoria da informação, na gestão de dados e na preservação da memória digital. A partir da interlocução com as humanidades digitais, busca-se refletir sobre as responsabilidades dos profissionais da informação e das instituições na promoção de práticas tecnológicas mais justas, acessíveis e sensíveis à diversidade epistêmica.




 

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II ENBNA & I EIBNA

O propósito do II Encontro Nacional de Bibliotecárias(os) Negras(os) e Antirracistas (II ENBNA)/ I Encontro Internacional de Bibliotecárias(os) Negras(os) e Antirracistas (I EIBNA)  é se constituir como um espaço público de reflexão, discussão, proposição e luta pela promoção da profissão bibliotecária e pela valorização das pessoas bibliotecárias negras e também das antirracistas. Indo em contrapartida a um momento de verdadeiros retrocessos em todos âmbitos da sociedade brasileira, o objetivo principal deste evento é evidenciar o protagonismo de bibliotecárias negras e antirracistas. Além disso, buscamos discutir estrategicamente ações de engajamento em prol de melhores condições de emprego e trabalho, acesso à educação e à capacitação, enfrentamento e desconstrução do racismo institucional e estrutural, além de ações voltadas para o fortalecimento identitário das populações de origem africana em bibliotecas e unidades de informação.

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